sábado, 15 de setembro de 2012

Inspirada em Clarice

          Hoje estava escutando a entrevista da Clarice Lispector de 1977 e ela falava sobre o ato de escrever e sobre o seu isolamento. Do excesso de rótulos feitos pelos outros, pelo cansaço de si mesma e do renascimento a cada obra e morte ao fim delas. 
          Fala dos escritos que rasga por raiva e da incompreensão de não entenderem suas palavras, mas o que mais me intriga em toda a sua entrevista é que mesmo com toda a sua humildade de talento demonstrada pela revolta dos próprios escritos continuava a escrever.
          Tão bom seria se todos que se revoltam, que estão insatisfeitos com o mundo que habitam, escrevessem, se usassem o isolamento para criação, pelo menos não contribuiriam com a massa de baixa energia que emanam para a mãe Terra. Mas isto ainda é utopia no atual cenário (mesmo que para os letrados cenário só diga respeito ao futuro).
          Clarice também fala das máscaras que as pessoas usam, não acho que seja tão negativo o uso delas, a questão é, qual máscara escolher e para qual fim? Se o objetivo for na intenção de somar, que encham de brilho e apetrechos enriquecedores as suas.
          Como escrevi no texto "A solidão é nosso strip-tease", é nela que o ser se mostra, é ele mesmo, então que seja de maneira produtiva, numa curva crescente de melhorias e evolução, de reforma íntima e externa para com o mundo. A Terra merece isso e o ser vivo aqui neste momento também. 
          Então, meu conselho de hoje é: a cada insatisfação acrescentemos algo, expressemos de maneira artística ou não o que temos de melhor em nós mesmos, porque com certeza uma luz será acesa e pode ser que ela ilumine muito mais do que imaginamos e se não for de muito alcance, com certeza já será o suficiente para clarear o nosso redor.