segunda-feira, 28 de março de 2011

Ilusão ou realidade

     Acabo de assistir ao “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos”Woody Allen, dica do meu amigo Sergio. Bom! Recomendo, mas não venho fazer nenhuma resenha ou crítica, apenas levantar uma questão presente no filme. A ilusão.
     Há um personagem que troca seus psicoterapeutas e analistas por uma vidente. E que durante todo o filme lhe enche de esperanças. E ninguém sabe nem busca saber se essa nova terapeuta é uma fraude ou não, principalmente a filha, porque para ela o que mais importa são os resultados, e sendo realmente uma fraude ou não, a alternativa está fazendo mais efeito que os remédios que sua mãe tomava anteriormente.
      A questão é, até que ponto essa ilusão vale a pena? A mentira que traz benefícios, mesmo que seja enganar a si mesmo, ou realmente acreditar que seja verdade, como no caso dessa personagem. É a ilusão que traz a felicidade tão almejada e procurada em diversas terapias e drogas.
      Talvez essa ilusão seja relativa, talvez todos os nossos conceitos e paradigmas também sejam. A ilusão é realmente algo perigoso? E o que é exatamente? Algumas das definições:

1. crença ou idéia falsa; 2. erro de apreciação; 3. erro de percepção, que consiste em fazer uma interpretação visual dos fatos que não coincide com a realidade; 4. fraude; logro.
  
      E quando essas ilusões se tornam realidade, o que passa a ser uma fraude não é a própria ilusão caindo por terra? Então, meus amigos não é somente a felicidade que é relativa, nem a protagonista deste texto. Mas tudo passa a ser relativo uma vez que não podemos afirmar verdades absolutas quando estamos diante do abstrato.
      Os julgamentos e pré-conceitos devem ser revistos. Não que eu concorde que uma mentira contada dez vezes vire verdade, nem que a ilusão vale mais que uma realidade amarga, mas os nossos julgamentos não merecem aparecer pra estragarem “felicidades”. Eles são muito menores diante do bem que deixaria de existir. Então, façamos nossa análise e usemos unicamente em nossas próprias vidas.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A solidão é nosso strip-tease

     
     Schopenhauer costumava dizer que na solidão era a única forma do indivíduo realmente se conhecer, se mostrar, ser ele mesmo. E ainda afirma que quem não ama a solidão não ama a liberdade.
     A pergunta é, até que ponto essa liberdade compensa a solidão? Concordo no ponto em que o amigo Schô schô (como diz uma amiga), fala que é a única maneira do ser se mostrar. Acredito que as grandes multidões o afastam dele mesmo. Claro que não acontece com todos, não é uma regra, e mesmo que fosse, todas elas têm suas exceções.   
     Mas acontece com a grande maioria. Afinal, quem consegue ser você mesmo, sem inclinações mascaradas, sem sorrisos falsos e gostos fingidos para agradar alguém?  
     Pode até dizer que você não é assim, eu mesma digo que não sou, mas duvido que tenha falado a verdade à sua tia de 70 anos sobre homossexualidade ou sobre drogas, que tenha olhado nos olhos da sua avó e falado que o seu cozido estava horrível naquele dia. Duvido.
     Não é questão de hipocrisia, muitas vezes essas “mentirinhas” são necessárias, afinal de contas você não vai desagradar uma senhora de 80 anos desnecessariamente, porque por mais idealista que você seja, acredita que com essa idade nada mais será alterado, nenhum pensamento, nenhuma convicção religiosa ou política, somente desgastes acontecerão.
     Mas você também tem a opção de falar e criar aquele clima na família, tem a escolha de optar pelo cigarro que seu namorado não suporta e perdê-lo, tem a opção de desistir da faculdade mais cara da sua cidade bem no final do curso e perder o amor dos seus pais (pelo menos por uns 3 meses), mas quem tem a coragem de fazer essas escolhas? Quem tem a coragem de ser você mesmo, sem as lantejoulas que enfeitam a máscara que tanto agrada? Quem tem?
     Mas sozinho você não precisa se moldar tanto, não precisaria de frases bem pensadas ou sorrisos talhados. A solidão é o nosso strip-tease. Então, o amigo Arthur, apesar do seu pessimismo característico, não estaria tão equivocado ao falar que sozinho cada um sente o que é, e fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade.
      Então, faça o seu strip-tease de máscaras e brilhos sem precisar estar tão sozinho, seja a sua própria essência sem o medo de ficar insosso. E se estiver só, não se preocupe em escolher a fantasia mais atraente, talvez você queira curtir a festa sendo a sua própria companhia dentro de um vestidinho bem confortável.


     Abaixo, alguns trechos na íntegra da obra - “Aforismos para a sabedoria de vida”  
                                  Quem não ama a solidão não ama a liberdade 

   
      “Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças (high life), pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.
        Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas ações, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.
     Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.
     A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é...”
                                                                       Arthur Schopenhauer

terça-feira, 22 de março de 2011

Fiquem com alguns pensamentos do meu filósofo preferido

"O prazer não é um mal em si; mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade."



"É estupidez pedir aos deuses aquilo que se pode conseguir sozinho. "
                                                                                        Epicuro

A DOR QUE DÓI MAIS

     Hoje estava pensando em escrever sobre a saudade, aí, parei para ler umas coisas e me deparei com esse texto da Martha. Depois dele, qualquer coisa que tentasse escrever nesse exato momento iria parecer no mínimo redundante ou plágio e como isso não faz muito meu estilo, fiquem com a Mathinha...

     "Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
     Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
     Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
      Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
       Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
       Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."
                                                                                                         Martha Medeiros

segunda-feira, 21 de março de 2011

A recompensa da paciência

     "A glória é tanto mais tardia quanto mais duradoura há de ser, porque todo fruto delicioso amadurece lentamente."

                                                                                                                         
                                                                                 Arthur Schopenhauer

domingo, 20 de março de 2011

Virtual ou real?

“De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.”

William Shakespeare

Não és falso, Shakespeare, temos que concordar que continuas a ser poeta.

E realmente ainda não sabem amar aqueles que desistem na primeira pedra que aparece no meio do caminho. Mas também é bom lembrar que nem todas as pedras são apenas impecilhos. É preciso ter uma maior sensibilidade pra reconhecer o fim.

Quantas vezes já não nos deparamos com a velha obsessão e os cacos daquilo que chamávamos de "amor" e que não existe mais há séculos? E a coragem de dar fim ao que talvez nunca tenha existido de verdade que fica sem dar as caras?

Não fiquemos enrolados com nossas próprias ilusões, elas só atrapalham e ofuscam a visão clara no espelho da realidade.

Quem sabe um dia aprendamos a discernir a imagem real e virtual do espelho.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Comecemos a agir com a inocência de uma criança!!!


   Para os que têm medo do que sente ou de demonstrar por medo de perder a idéia de continuar amando, mesmo que no mundo platônico.
  Vai tomar as rédeas ou vai ser definido pelo medo?
 

terça-feira, 15 de março de 2011

Renovação

     Dizem os cristãos que os dias que antecedem a Páscoa é momento de transformação, mudança, renovação. A pergunta é: Quem tem renovado o guarda-roupa de carne? Aquele invólucro que reveste o que temos de mais precioso, a nossa alma imortal e com uma memória incrível.
     Como andam os sentimentos? E a tal da felicidade, já conheceu? Dizem por aí que esta não está do lado de fora, e outros também dizem que não está na Terra. Acreditando ou não nessas teorias, o ideal seria dar um crédito, já que viemos tentando achá-la por séculos do lado de fora.
     O quê? Como não? Será que não tem mesmo? E aqueles três anos estudando no cursinho pré-vestibular tentando Medicina? Não porque era seu sonho e vocação, mas porque acreditava que te daria uma garantia de retorno financeiro, status, admiração. E os outros quatro anos, que depois de ter desistido da Medicina e optado por outra profissão que te dava um pouco menos de retorno financeiro, mas ainda existia, você continuava a se sentir insatisfeito, infeliz? Ah, é óbvio agora existe um culpado, esta não era a profissão que você queria.
     Mas ainda assim, mesmo com um culpado sobressalente, continuava a acreditar que a felicidade verdadeira só chegaria no dia em tivesse uma estabilidade financeira, agora não bastava mais o retorno financeiro. Afinal de contas, como poderia ter esposa, filhos se não tivesse condições de manter também a “$felicidade$” deles? O alvo a ser flechado agora era o concurso público. (nada contra)
     Mais alguns anos, e finalmente você passa naquela prova com mais de 86 mil concorrentes. Enfim, feliz, né? Como assim, não está? Lá vem o “X” da questão...
     Então você estava ou não estava procurando do lado de “fora” a felicidade? E se não encontrou, por que não ouvir os colegas filósofos, estudiosos, analistas, religiosos e tentar buscar do lado de “dentro”? Agora vem o “Y” da questão. Como buscar do lado de “dentro”?
     Também me pergunto a mesma coisa, mas vamos devagar, por partes, sem alusão a filmes de terror (se não fizesse essa piadinha batida, vocês teriam feito do mesmo jeito). Pensei em várias coisas, mas pensemos no seguinte, é muito simples, (pelo menos a teoria), no que nos dá aquele prazer que mesmo indo embora, não leva a felicidade junto. Aquele prazer que não é fruto da nossa imaginação, mas também não é enraizado e limitado no corpo perecível que trazemos.
     Aquele que não é como os segundos que temos nos cigarros, bebidas, chocolates, roupas caras, momentos com os ídolos, fama, carros, e tudo o mais que acaba quando acaba. E nem é como nas ilusões amorosas que pensamos que não podem nos fazer mal, porque muitas delas só existem no mundo das idéias. Mas acreditem, mesmo estas, quando acabam por algum motivo do mundo real, mesmo não tendo existido, elas desabam com seu mundo, com nossos mundos (como poderia deixar de me incluir?). E tudo isso, toda essa felicidade que tínhamos, sejam por dias, segundos, meses ou anos enquanto durava, acaba.
     Agora a notícia triste: se acabou é porque não era felicidade. Como disse anteriormente, a verdadeira, não a “fake”, ela não acaba quando acaba. É a única que continua a existir quando o prazer é verdadeiro. Quando ele se origina da alma, do amor que trazemos dentro dela e que ainda não sabemos repartir. Nem conosco mesmos, às vezes.
     Paremos de nos lamentarmos, de termos pena de nós mesmos por mais uma decepção ou desilusão amorosa. Como o nome mesmo diz, acabou-se a ilusão. Não era real. Como podemos ficar tristes por não estarmos mais iludidos? E pior, neste caso o enganador somos nós mesmos.
     Preenchamos logo esses espaços vazios com nosso próprio amor, temos o bastante, aprendamos a usá-lo, e comecemos com o amor-próprio. Este é sempre um excelente anfitrião das nossas almas.