terça-feira, 15 de março de 2011

Renovação

     Dizem os cristãos que os dias que antecedem a Páscoa é momento de transformação, mudança, renovação. A pergunta é: Quem tem renovado o guarda-roupa de carne? Aquele invólucro que reveste o que temos de mais precioso, a nossa alma imortal e com uma memória incrível.
     Como andam os sentimentos? E a tal da felicidade, já conheceu? Dizem por aí que esta não está do lado de fora, e outros também dizem que não está na Terra. Acreditando ou não nessas teorias, o ideal seria dar um crédito, já que viemos tentando achá-la por séculos do lado de fora.
     O quê? Como não? Será que não tem mesmo? E aqueles três anos estudando no cursinho pré-vestibular tentando Medicina? Não porque era seu sonho e vocação, mas porque acreditava que te daria uma garantia de retorno financeiro, status, admiração. E os outros quatro anos, que depois de ter desistido da Medicina e optado por outra profissão que te dava um pouco menos de retorno financeiro, mas ainda existia, você continuava a se sentir insatisfeito, infeliz? Ah, é óbvio agora existe um culpado, esta não era a profissão que você queria.
     Mas ainda assim, mesmo com um culpado sobressalente, continuava a acreditar que a felicidade verdadeira só chegaria no dia em tivesse uma estabilidade financeira, agora não bastava mais o retorno financeiro. Afinal de contas, como poderia ter esposa, filhos se não tivesse condições de manter também a “$felicidade$” deles? O alvo a ser flechado agora era o concurso público. (nada contra)
     Mais alguns anos, e finalmente você passa naquela prova com mais de 86 mil concorrentes. Enfim, feliz, né? Como assim, não está? Lá vem o “X” da questão...
     Então você estava ou não estava procurando do lado de “fora” a felicidade? E se não encontrou, por que não ouvir os colegas filósofos, estudiosos, analistas, religiosos e tentar buscar do lado de “dentro”? Agora vem o “Y” da questão. Como buscar do lado de “dentro”?
     Também me pergunto a mesma coisa, mas vamos devagar, por partes, sem alusão a filmes de terror (se não fizesse essa piadinha batida, vocês teriam feito do mesmo jeito). Pensei em várias coisas, mas pensemos no seguinte, é muito simples, (pelo menos a teoria), no que nos dá aquele prazer que mesmo indo embora, não leva a felicidade junto. Aquele prazer que não é fruto da nossa imaginação, mas também não é enraizado e limitado no corpo perecível que trazemos.
     Aquele que não é como os segundos que temos nos cigarros, bebidas, chocolates, roupas caras, momentos com os ídolos, fama, carros, e tudo o mais que acaba quando acaba. E nem é como nas ilusões amorosas que pensamos que não podem nos fazer mal, porque muitas delas só existem no mundo das idéias. Mas acreditem, mesmo estas, quando acabam por algum motivo do mundo real, mesmo não tendo existido, elas desabam com seu mundo, com nossos mundos (como poderia deixar de me incluir?). E tudo isso, toda essa felicidade que tínhamos, sejam por dias, segundos, meses ou anos enquanto durava, acaba.
     Agora a notícia triste: se acabou é porque não era felicidade. Como disse anteriormente, a verdadeira, não a “fake”, ela não acaba quando acaba. É a única que continua a existir quando o prazer é verdadeiro. Quando ele se origina da alma, do amor que trazemos dentro dela e que ainda não sabemos repartir. Nem conosco mesmos, às vezes.
     Paremos de nos lamentarmos, de termos pena de nós mesmos por mais uma decepção ou desilusão amorosa. Como o nome mesmo diz, acabou-se a ilusão. Não era real. Como podemos ficar tristes por não estarmos mais iludidos? E pior, neste caso o enganador somos nós mesmos.
     Preenchamos logo esses espaços vazios com nosso próprio amor, temos o bastante, aprendamos a usá-lo, e comecemos com o amor-próprio. Este é sempre um excelente anfitrião das nossas almas.

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