sexta-feira, 6 de julho de 2012

Amar verbo intransitivo

     Amar, verbo transitivo, dizem os letrados. Prefiro concordar com o modernista Mário de Andrade. Apesar de todos acharem que precisamos amar alguém ou algo, percebo que o verbo não precisa de objetos de desejo nem de complemento, quem sabe amar, simplesmente ama.
      O verbo vem se distorcendo ao longo de séculos, e atualmente, acredito que a banalidade da sua existência ou melhor, falta de existência contaminou a humanidade. Todos amam, todos dizem "eu te amo" como quem troca de roupa e acessórios. O  verdadeiro significado é mais profundo.
      A começar pelas condições, alguns amam os que são ou parecem ser felizes, outros amam os que são perfeitos (ou aparentam, uma vez que a perfeição não é deste mundo). Mas todos, ou quase todos amam porque disseram que a felicidade está ligada ao amor, o que quase ninguém percebe é que esse amor que aprenderam a apenas verbalizar é paixão, algo totalmente oposto.
      Amar está além de condicionamentos, simplesmente sente e age de acordo com as premissas básicas do respeito e da tolerância. Mas neste caso a tolerância não é algo difícil de exercitar, não é um desafio a amar, não é tolerar no sentido denotativo da coisa, é simplesmente respeitar o que o outro é, sem tentar desfiar maneiras incansáveis de moldá-lo a seu bel-prazer.
      As mães sabem bem do que estou falando, pois se há na Terra, alguém além dos missionários que aqui vieram são as mães, que independente da condição moral de quem gerou, ama. Sem julgá-lo. E isto não quer dizer que não contribua para sua evolução com algumas "proibições", mas tudo isso é parte de um amor maior. E acho que foi isso que o Cazuza quis dizer quando cantarolou que "...só as mães são felizes". Isso mesmo, a felicidade está intimamente ligada ao amor verdadeiro.
        É ouvir um verso extremamente profundo ou uma música que toque a alma e perceber que tudo isso é fruto de amores guardados, aglutinados dentro do espírito que necessita ser feliz, os artistas fazem isso bem. Perceber que o te toca não é somente porque é bonito demais, mas porque existe uma vontade louca de amar aí dentro, mas insistimos em querer procurar os objetos diretos. Perdoe-se, permita-se, ame. Simplesmente, ame!

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